sexta-feira, 8 de julho de 2011

'Tango Portenho': uma marca de Buenos Aires

A capacidade que o portenho - esse cidadão que nasce e vive em Buenos Aires - teve em transformar o tango em um produto de primeira grandeza para as prateleiras do turismo deveria ser seguida por muitas cidades e países, com seus respectivos ritmos e expressões musicais. Ele conseguiu transformar uma dança e uma música - um tanto soturna, e um quanto triste - em um espetáculo teatral alegre, dinâmico e atual e, além disso, gravaram essa identidade no nome da cidade. Quando se fala em Buenos Aires se fala em tango e quando ouvimos essa palavra lembramos de Buenos Aires.

A competência artística desse povo se vê na arquitetura dos prédios públicos e privados que transpiram épocas sublimes de grandes manifestações do espírito. Não é à toa que às vezes eles têm razão em nos olhar de cima para baixo quando nos ufanamos com a nossa mania de festivais e barulhentos trios elétricos e a nossa – não rara - inconsistência cultural. 

"O Tango Porteño é a sintese de Buenos Aires, e o resumo da ópera, tendo o tango como a principal atração", afirmou ao Diário do Turismo Mário Traverso, gerente de vendas de uma das casas mais tradicionais de tango da capital da Argentina, o 'Tango Portenho'.

Localizado na avenida Cerrito, no centro da capital, em plena segunda-feira a casa de espetáculos teve lotação quase completa. "É sempre assim; recebemos turistas de todas as partes do mundo, em especial os brasileiros, nossos grandes fregueses", disse Traverso.

O show principal que acontece toda a noite na capital portenha é precedido de um jantar com pratos refinados e variados, mas que tem como carro-chefe a outra especialidade de Buenos Aires: o bife de chouriço.

Se um bandoneon, um piano e um contrabaixo fazem a base instrumental na construção de um tango, acrescidos de um casal de dançarinos esbeltos e sedutores com passos milimetricamente estudados e elegantes,  a produção desse espetáculo, ao contrário,  se baseia em um conjunto de fatores históricos não tão simples, explicado por Mário Traverso: "Trata-se de uma representação da Década de Ouro (1940), período em que se vivia um esplendor cultural na cidade, com destaques para a explosão do tango como bem imaterial de Buenos Aires', o espetáculo representa essa época", acrescenta.

"O Tango Porteño recuperou essa essência da Década de Ouro e oferece tudo isso aos seus visitantes", complementa Traverso.

A overdose de tango é completa: tango-clássico, tango-moderno, tango-popular, tango amigo imaginário- uma performance impagável de uma dançarina com um acompanhante invisível e o tango-balé - ponto alto do show, em que um casal de dançarinos flutua no palco sugerindo uma noite quente de amor. Tudo isso acompanhado por quatro bandoneons, cinco violinos, um contrabaixo, um violoncelo e um piano.

O certo é que a produção desse espetáculo, tanto na área cenográfica ou musical, quanto dos artistas dançarinos e cantores alcançou um estágio profissional tão elevado que já se posiciona no panteon do showbusines da Argentina, país exigente ao extremo e que tem a arte e o bom gosto, como prima-irmã.

Aliás, o teatro Colon, que teve a ópera Aida, de Giuseppe Verdi, como espetáculo de abertura em 1908, ergue sua sombra ao lado do Tango Porteño. Não é preciso mais influência para o bom gosto.


Fonte: http://www.diariodoturismo.com.br/materia.asp?mtr='Tango_Portenho':_uma_marca_de_Buenos_Aires&codid=18|8|21|0|35|
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